Distribuidoras de energia inadimplentes devem liquidar os contratos de maio até dia 28 de agosto
Mudança,novidade | Por em 4 de agosto de 2014
Trade Energy avalia que o mercado livre é impactado pelo fato de quase metade dos créditos não terem sido pagos
Devido às dificuldades das distribuidoras de energia em cobrir os impactos da crise hidrológica, a liquidação financeira dos contratos do mês de maio apresentaram inadimplência, em torno de 48%. Para amenizar este cenário, a parcela inadimplente teve sua liquidação postergada para 28 de agosto. “Assim, dá tempo para o governo negociar empréstimos complementares para cobrir o déficit. Aos agentes do mercado livre, que são credores junto à Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), o impacto é grande, já que quase metade dos créditos não foi pago ainda. Pesa também, a falta de isonomia, enquanto o ambiente livre está exposto aos mesmos riscos, mas não conta com qualquer ajuda governamental, tem que honrar seus compromissos, sob pena de desligamento imediato da CCEE”, afirma Walfrido Avila, presidente da Trade Energy.
No início de 2014, foi anunciado um empréstimo de R$ 11,2 bilhões, parte a ser intermediado pela CCEE, através de captação junto a instituições financeiras e parte correspondente a aporte direto do Tesouro, que já havia sido consignado pelo governo. Com a continuidade dos preços altos no curto prazo, as dificuldades das distribuidoras se ampliaram. “Vale lembrar que os problemas têm várias vertentes: a necessidade de compra no curto prazo por subcontratação de energia para atender o mercado cativo, a exposição relativa às cotas de geração renovada, com geração menor devido à crise hidrológica, e o pagamento da geração térmica adicional via Encargos de Serviço do Sistema (ESS), além da geração térmica dentro da ordem de mérito aumentada com a introdução do mecanismo de risco CVaR (Conditional Value at Risk)”, declara o executivo.
A Trade Energy avalia que as possíveis soluções são as revisões tarifárias extraordinárias das distribuidoras, previstas nos contratos de concessão e, a implantação imediata das Bandeiras Tarifárias, que foram adiadas em um ano após aumentarem os valores, porque oneraria os consumidores cativos. “Estes consumidores já foram penalizados com índices elevados de aumento nos reajustes tarifários deste ano, após a promessa de redução de 20%”, alega Avila.
De acordo com o presidente, a outra solução, que deve ser a adotada pelo governo, é a captação de empréstimo adicional de R$ 6,5 bilhões, inclusive com a participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para fazer frente à liquidação do mês de maio e as demais liquidações, até outubro. “Entretanto, o mercado estima que serão necessários cerca de R$ 8 bilhões até o final do ano”, ressalta o executivo.
Para reverter o quadro de alto índice de inadimplência, Walfrido Avila declara que é preciso equacionar as necessidades financeiras das distribuidoras, através dos aportes adicionais. “Fora esse fator, os índices de inadimplência estão se mostrando num nível suportável, devido principalmente aos critérios em vigor de garantias financeiras, mais rígidos, com a bilateralização do risco e que devem ser ainda mais endurecidos, com a implantação do limite operacional previsto para o final do ano”, finaliza o presidente.