Déficit em transações correntes não preocupa, segundo Austin Rating
balanço,Economia | Por em 23 de outubro de 2012
O Banco Central do Brasil (BACEN) divulgou hoje (23/out) o resultado do Setor Externo para o mês de setembro, que registrou superávit de US$ 84 milhões no balanço de pagamentos e US$ 22,9 bilhões no acumulado do ano. Com o resultado de setembro, o saldo global do balanço completa 44 meses consecutivos de superávit, reforçando o bom nível de solvência do País em moeda estrangeira.
A balança de transações correntes computou déficit de US$ 2,60 bilhões no mês de setembro e US$ 34,1 bilhões no acumulado do ano, patamar inferior ao registrado no mesmo período de 2011, US$ -36,7 bilhões. Contrabalanceando com as transações correntes, a conta capital financeira computou superávit de US$ 2,63 bilhões. Os investimentos estrangeiros diretos mais uma vez se destacaram, chegando a US$ 4,393 bilhões no mês. Os investimentos estrangeiros em carteira também geraram ingresso líquido de recursos no país, de US$ 983 milhões. Outras formas de investimento estrangeiro responderam por entradas líquidas de US$ 926 milhões.
O déficit no balanço de pagamentos voltou a apresentar alta em setembro, com ampliação de 1,8% em relação ao mês anterior e 16,2% em comparação com o mesmo período de 2011, após apresentar duas quedas seguidas. Cabe ressaltar que, o déficit em transações correntes de setembro de 2012 (acumulado em 12 meses) é o maior de toda a série histórica para o período.
Porém, diferentemente do que ocorreu na metade da década de 2000 (2001-2005), quando a taxa de câmbio (R$/US$) se desvalorizava quando havia déficit em transações correntes, atualmente o “colchão de liquidez” que o Brasil conseguiu acumular nos últimos anos, em parte pela melhor opção de investimento dado o “deserto” de oportunidades nas economias desenvolvidas, faz com que a taxa de câmbio permaneça relativamente estável gravitando ao redor de R$ 2,0/US$.
Contudo, Analisando numa perspectiva de longo prazo, tendo em vista o agravamento da crise no setor externo, o déficit em transações correntes não traz preocupação para sustentabilidade das contas externas brasileiras, motivado por alguns fatores:
- Fuga de capitais é conjuntural, ou seja, não decorre da aversão ao risco do país, mas, o repatriamento de capitais tem sido reflexo do agravamento da crise na Zona do Euro que tem demandado aporte de capital pelas matrizes das empresas instaladas no país. Nos últimos doze meses encerrados em setembro a conta de Rendas computou déficit de US$ 35,8 bilhões, cerca de 21% inferior ao registrado no mesmo período anterior.
- Demanda doméstica aquecida e juros reais líquidos superiores aos vigentes nos mercados desenvolvidos, têm contribuído com o crescimento do ingresso de Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) no país e evitando que o resultado global do balanço encerre no campo negativo.
- As reservas internacionais, totalizadas em US$378,7 bilhões, geram segurança ao país. Ademais, a dívida líquida externa do Brasil é negativa, ou seja, o país é credor externo líquido, fator este que diminui o risco externo do país.
Com base nesses fatores, a Austin Rating projeta para 2012, déficit de US$ 45,7 bilhões na Balança de transações correntes e ingresso de US$ 65 bilhões em Investimento Estrangeiro Direto (IED). Já para o ano que vem, as Transações correntes deverão registrar déficit de US$ 58,6 bilhões e o ingresso de IED deverá aumentar cerca de 15%, totalizando de US$ 75 bilhões.