Atividade industrial sobe 0,7% em junho, mas registra 5º trimestre consecutivo de queda
Economia,Meio Ambiente Industrial | Por em 1 de agosto de 2012
Fiesp e Ciesp estimam que índice de atividade deve fechar 2012 com queda de 2,1%
O Indicador de Nível de Atividade (INA) da indústria paulista apontou crescimento de 0,7% em junho sobre maio, na série com ajuste sazonal. “O resultado é bom e pode ser um começo de recuperação, mas ainda não há confiança para afirmar isso”, avaliou Paulo Francini, diretor do Departamento de Estudos e Pesquisas Econômicas (Depecon) da Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp). As entidades divulgaram os números da indústria de transformação na manhã desta terça-feira (31/07).
“Essa recuperação só vai se mostrar através do acúmulo de números positivos e isso tem de começar alguma hora”, reforçou o diretor do Depecon. Ele acrescentou que a atividade econômica deve melhorar em função das medidas de incentivo anunciadas recentemente pelo governo, mas os efeitos positivos de ações como a redução de juros, câmbio mais competitivo e incentivos ao investimento levam tempo para serem sentidos.
“Existem fatores que impulsionam que algo de bom pode ocorrer, pelas coisas que estão em jogo. Mas, no caso do desempenho, não adianta fazer como na seleção, que é um gol aos 45 minutos. Fazer um gol no final de dezembro não recupera o semestre”, alertou o diretor.
Sem o ajuste, no entanto, o INA desacelerou 1,4% na comparação com o mês anterior. No acumulado de 12 meses, o nível de atividade da indústria sem ajuste sazonal foi negativo em 3,8%. De janeiro a junho de 2012, o indicador também acumula variação negativa de 6,4% em relação ao mesmo período de 2011, descontando o ajuste à sazonalidade.
Este é o quinto trimestre consecutivo de queda do indicador. No segundo trimestre de 2011, o INA caiu 1%, diminuindo a queda para 0,6% no terceiro período do mesmo ano e agravando, no entanto, o quadro negativo para 3% no quarto trimestre do ano passado. Em 2012, a atividade fechou o primeiro trimestre com queda de 1,7% e o segundo com variação negativa de 1,1%.
A Fiesp estima que a economia brasileira deverá crescer este ano, 1,8%, enquanto o PIB (Produto Interno Bruto) da indústria deve ficar negativo em torno de 1%. “Estamos em processo de uma nova revisão desses números, provavelmente com viés de baixa. Será um ano de fraco crescimento.” O prognóstico atual da Federação para o INA é de queda de 2,1% em 2012. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) teve uma ligeira desaceleração, passando para 81% em junho, ante 83,6% em maio deste ano. Já na leitura com ajuste sazonal, o componente ficou estável em 80,6% no mês passado contra 80,4% em maio de 2012.
Setores Dos setores avaliados pela pesquisa em junho, o segmento de Artigos de Borracha apresentou estabilidade, com 0% na leitura mensal considerando os efeitos sazonais. Na comparação sem ajuste sazonal, no entanto, houve uma queda de 2,6% do índice em junho versus maio. O setor de Metalurgia Básica registrou queda de 1,5% sobre maio, em termos ajustados.
A atividade da indústria de Alimentos e Bebidas se destacou entre os comportamentos de alta, com variação positiva de 4%, com ajuste, na comparação com maio. Francini explicou que a alta do setor se deve ao fato do segmento estar mais ligado à renda do que ao crédito.
Expectativa A percepção geral dos empresários com relação ao cenário econômico no mês de julho, medida pelo Sensor Fiesp, ficou praticamente estável: 49,6 pontos contra 48,4 pontos em junho.
Já o item Mercado registrou alta de mais de três pontos no mês corrente e chegou a 52,2 pontos versus 49 pontos em maio. O mesmo aconteceu com o indicador Vendas, que também subiu de 43,7 pontos no mês anterior para atuais 47,9 pontos.
A percepção dos empresários quanto ao Investimento apresentou forte melhora, passando de 53,1 pontos no mês anterior para 56,3 pontos em julho.
Em contrapartida, o segmento Emprego registrou ligeira queda de 49 pontos em junho, para 48,5 em julho. E o indicador de Estoque ficou em 43,2 pontos em julho ante 47 pontos em junho. Isso mostra que o estoque está elevado.
FIESP