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Por Wander Silveira, Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento do Grupo Flexível

A indústria química é fundamental para atender às necessidades da sociedade. O setor fornece a grande maioria dos materiais para todos os produtos fabricados e à medida que os produtos químicos se tornam mais sustentáveis há um efeito multiplicador significativo nas demais cadeias.

Quando a indústria química reduz as suas próprias emissões e investe em ações como eficiência energética, adoção de energia limpa e renovável, faz o consumo responsável de água e usa os recursos naturais de forma consciente. O setor consegue ser mais eficiente, sustentável e colabora para a redução de emissões de gases do efeito estufa (GEE).  

Isso é importante, pois segundo a Fundação Ellen MacArthur, criada com o objetivo de acelerar a transformação para uma economia circular, 55% das emissões de gases do efeito são provenientes do uso de combustíveis fósseis.  

Mas os esforços para enfrentar a crise climática não podem ficar concentrados na transição para energias renováveis e eficiência energética, já que os demais 45% são provenientes da produção de alimentos e bens de consumo duráveis e não-duráveis e é aqui que a indústria química mais pode contribuir.  

Quando o setor cria políticas de gestão de resíduos, desenvolve materiais biodegradáveis e/ou recicláveis, adota ações de logística reversa e faz a gestão apropriada de resíduos, é criada uma cadeia de valor que impacta seus clientes e o consumidor final.  

Inovação e sustentabilidade

As empresas que estão preocupadas com a sustentabilidade investem em tecnologias de baixo carbono e no desenvolvimento de produtos feitos a partir de materiais de base renovável. Exemplos como o plástico feito a partir de cana-de-açúcar e o poliol, produto que compõem o poliuretano, feito a partir de ésteres graxos ou ácidos graxos de origem vegetal, como resíduos do agronegócio, são produzidos pela indústria química e adotados pelos setores clientes.    

Mas para que esses avanços sejam bem-sucedidos é necessário garantir o progresso dos produtos feitos com base renovável entre as indústrias da cadeia de valor. As empresas, clientes do setor químico, precisam ter o interesse em adotar os produtos de base renovável e que geram menos impacto ambiental na sua produção e na da própria indústria química. E os consumidores precisam estar cientes de que produtos feitos com base em materiais renováveis e resíduos de outros setores produtivos estão disponíveis no mercado e oferecem a mesma qualidade que os produtos feitos a partir de petroquímicos.  

A sustentabilidade não deve focar apenas na preservação do meio ambiente. A melhora de processos para torná-los mais eficientes e a criação de produtos inovadores e sustentáveis, de forma a não comprometer os recursos naturais no futuro e não prejudicar o meio ambiente, é importante.  

Ao mesmo tempo, a inovação precisa continuar sendo viável financeiramente para que seja possível investir em pesquisa, pois apenas dessa forma o setor é capaz de desenvolver produtos cada vez mais sustentáveis, que ajudam toda a indústria a estar preparada a atender as futuras demandas da sociedade.

Benefícios e parceria

Além dos benefícios ambientais, o investimento na sustentabilidade também pode trazer benefícios econômicos. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) a utilização mais eficaz dos recursos naturais pode injetar US$ 2 trilhões na economia global em 2050.  

E de acordo com o relatório Planet Positive Chemicals, do Center for Global Commons, da Universidade de Tóquio, a transição global para uma economia circular e com zero emissões é uma oportunidade para a indústria química aumentar o volume de produção anual em duas vezes e meia até 2050. Ao criar soluções que possibilitem outros setores transitarem para uma economia de baixo carbono seria possível criar, a nível global, 29 milhões de novos empregos, sendo 11 milhões na indústria química.

Este ganho pode ser alcançado através do aumento do volume de negócios proveniente de novas atividades como o desenvolvimento, a produção e a manutenção de produtos circulares e que requerem uma mão-de-obra especializada.  

Além disso, novos modelos de negócios circulares centrados na reutilização, reparação e refabricação oferecem oportunidades de inovação significativas para as empresas aproveitarem e redesenharem a sua abordagem empresarial maximizando as reduções de emissões e mantendo-se competitivas.

Para que a adoção de uma economia mais circular aconteça é necessário aumentar colaboração entre a indústria química, que precisa conhecer as dificuldades e necessidades, e a cadeia produtiva. Ao ajudar os fabricantes a adotarem a circularidade, as empresas químicas tornam-se parceiros capazes de ajudar as marcas a responder rapidamente às mudanças legais e as preferências dos consumidores.

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SOBRE O BLOG INDUSTRIAL

O Blog Industrial acompanha a movimentação do setor de bens de capital no Brasil e no exterior, trazendo tendências, novidades, opiniões e análises sobre a influência econômica e política no segmento. Este espaço é um subproduto da revista e do site P&S, e do portal Radar Industrial, todos editados pela redação da Editora Banas.

TATIANA GOMES

Tatiana Gomes, jornalista formada, atualmente presta assessoria de imprensa para a Editora Banas. Foi repórter e redatora do Jornal A Tribuna Paulista e editora web dos portais das Universidades Anhembi Morumbi e Instituto Santanense.

NARA FARIA

Jornalista formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), cursando MBA em Informações Econômico-financeiras de Capitais para Jornalistas (BM&F Bovespa – FIA). Com sete anos de experiência, atualmente é editora-chefe da Revista P&S. Já atuou como repórter nos jornais Todo Dia, Tribuna Liberal e Página Popular e como editora em veículo especializado nas áreas de energia, eletricidade e iluminação.

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