Artigo: Robotização da Indústria
Artigo,Economia,máquina | Por em 17 de abril de 2012
* Por Francisco Antonio Feijó
Da China vem a notícia de que os robôs estão substituindo cada vez mais a mão de obra humana. Se na China isso acontece, onde a mão de obra é barata e os custos que incidem sobre a mesma são bem baixos, como será no Brasil? Aqui os encargos diretos e indiretos são elevados e alcançam em algumas áreas mais de 100% do valor do salário pago ao trabalhador. No Brasil a robotização caminha a passos largos, principalmente no interior do Estado de São Paulo. Lá existem indústrias em que milhares de trabalhadores foram substituídos por máquinas, que trabalham 24 horas, sem parar, se alimentam de óleo ou eletricidade e não têm descanso semanal, não gozam férias, não recebem 13º salário, nem muito menos têm vale refeição ou outros benefícios.
Quais as consequências dessa realidade para o trabalhador? O Brasil já viveu a era da agricultura, das incipientes lavouras, a era da mecanização, em que a foice cortava a cana e o braço humano colhia a soja, a fase da pecuária, em que a mão humana tirava o leite e cuidava do rebanho – que enfrentou, depois, o início da robótica, em que montadoras substituem braços e dispensam em massa, caminha agora, aceleradamente, a exemplo do mundo, para a total robotização, em que a produção, cada vez é mais qualificada e os padrões cada vez são mais rígidos. Entretanto, toda moeda tem seu reverso. Isso significa queda na arrecadação de contribuições, que incidem sobre os salários dos trabalhadores, pois as máquinas não estão sujeitas a contribuições, a retenção do INSS, ao pagamento da parte das empresas para a Previdência Social, nem para o FGTS. Essa realidade é, com certeza, preocupante para o governo, pois os trabalhadores se aposentam e necessitam que o INSS tenha recursos para pagar suas aposentadorias, dentro da roda da arrecadação que muitos precisam contribuir para manter aqueles que já pagaram, durante longos 30 ou 35 anos.
O que fazer? Isso vem à baila, quando se busca mostrar à população que existem trabalhadores exercendo suas atividades nas mais diversas profissões liberais, que trabalhando na indústria, no comércio, ou prestando serviços individual ou coletivamente, não podem ser substituídos por máquinas, mas, ao contrário, são aqueles que ajudam a criá-las e a mantê-las funcionando, sejam formados em nível técnico ou superior. Por essa ótica, ao que se tem notícia, enquanto na indústria cai a arrecadação do INSS e do FGTS, no setor de serviços, a participação contributiva aumenta a cada mês, garantindo a arrecadação dessas contribuições.
Os trabalhadores liberais estão reunidos em sindicatos e federações de suas respectivas categorias representativas, congregados à CNPL-Confederação Nacional das Profissões Liberais, por força do disposto na própria Consolidação das Leis do Trabalho- CLT. Por essa razão, quando da China vem a noticia de que cada vez mais baratos, robôs já substituem até trabalhador chinês, torna-se imperioso registrar e refletir que em terras brasileiras existem trabalhadores como todos aqueles que militam na indústria e no comércio, em busca de um lugar melhor no espaço que lhes é concedido, e que devem ter o reconhecimento pela força que representam no contexto econômico e político nacional.
* Francisco Antonio Feijó é presidente da Confederação Nacional das Profissões Liberais (CNPL).