Presidente da Abimaq atenta ao processo de desindustrialização no Brasil
Economia,Iniciativa,Investimento,máquina,Opinião | Por em 25 de novembro de 2010
Durante encontro à imprensa Luiz Aubert Neto acredita no crescimento do país mas pede providências para este problema
Por Tatiana Gomes
“Estamos no fio da navalha. O que o Brasil quer ser?”. Assim inicia Luiz Aubert Neto, presidente da ABIMAQ – Indústria de Máquinas e Equipamentos – na última coletiva à imprensa de 2010, em que atenta para o perigo do processo de desindustrialização do Brasil, tema base da discussão do evento, ocorrido na sede da ABIMAQ, ontem em São Paulo (24 de novembro).
Aubert Neto, preocupado com o aumento de produtos importados no país, conta que a alta tributação de produtos nacionais se contrapõe com as facilidades de empresas internacionais de trazerem seus produtos para o Brasil, assim como montarem suas fábricas no país.
Enxerga a situação como grave, “a indústria brasileira está querendo segurar o mercado interno”,completa o executivo.
A entidade já enviou propostas para a futura presidente da república brasileira Dilma Rousseff. Entre as reivindicações estão o incentivo do governo na compra de máquinas no Brasil e linha de financiamento em longo prazo,. Aubert também considera os investimentos n a educação técnica e tecnologia como essenciais neste processo.
“A indústria precisa de mais competitividade. Para isso é preciso mais investimentos”, diz Aubert, que afirma acreditar no crescimento do país, mas considera a briga desigual, pois as taxas de juros direcionados aos industriais são altíssimas e falta de incentivos.
O presidente da entidade fala sobre o perigo da desindustrialização, sinalizando que o Brasil precisa tratar de maneira efetiva este problema. Para Aubert, se nada for mudado em relação ao câmbio e juros excessivos , vamos acabar com as indústrias fabricantes do país. “Cada vez mais o Brasil perde mercado para as importações”, e complementa: “Continuamos sendo o país das oportunidades perdidas”. Lembrando que, entre os principais destinos das máquinas brasileiras no exterior encontram-se: EUA, argentina, México e Países baixos.
Emprego
Com perda considerável da produtividade, 33% se comparado com o mês que antecede a crise do setor, a indústria de máquinas e equipamentos mantém o nível de pessoas empregadas.
Em 2008 os empresários despediram muitos de seus funcionários por conta da crise. Hoje, mesmo com a recuperação, o faturamento está baixo, por conseqüência da “invasão das máquinas importadas”, segundo ele. Os industriais reclamam que estão produzindo mais e recebendo menos.
Números
O DEEE – Departamento de Competitividade, Economia e Estatística, em parceria com a ABIMAQ, apurou dados quanto ao desempenho setorial de janeiro a outubro deste ano sobre o desempenho setorial. Como um todo, teve uma queda percentual de 14,6 %neste período.
Os números indicam uma queda visível das exportações no país. Aubert diz que, mesmo com a recuperação após a crise econômica mundial de 2008, não houve equilíbrio. Como exemplo desta afirmação, os números mostram a decorrente queda da participação em exportações no faturamento em 2005 – 34%, em 2008 31%, em 2009 24% e em 2010 22%.
Tendo como grande problema a competitividade de mercado, o executivo chama atenção a expansão da China. O país é o segundo fornecedor de bens de capital do Brasil, conforme dados, e daqui a 2 anos ela poderá bater os EUA, primeiro colocado atual neste ranking, não no quesito de preço, mas sim em quantidade.
Quanto a previsão da balança comercial em US$ milhões FOB para este ano, o saldo fica em menos 15.490, com déficit acumulado no período de 2004 a 2010, em US$ 44.959 milhões.