Nova realidade
Análise,Opinião,Pesquisa | Por em 15 de maio de 2009
Não há como esconder os fatos: quando a indústria diminui a produção, os investimentos secam e as empresas iniciam cortes de pessoal, essas notícias estampam as manchetes dos jornais e viram chamada na TV. Isso tem acontecido com certa frequência nos últimos oito meses, é verdade. No entanto, muitos ainda não perceberam que o mundo mudou. Os lucros exorbitantes e os números cheios de zeros estão bem mais escassos. Por que estou escrevendo isso? Simplesmente porque o noticiário está constantemente comparando qualquer número recém-divulgado a uma realidade totalmente diferente. E mais: quando esse número é positivo, mesmo que timidamente, o lado bom da história fica em segundo plano.
Exemplifico: na quinta-feira, 14, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulgou um estudo que mostra a criação de 19 mil postos de trabalho na indústria paulista – um crescimento de 0,80% em abril em relação a março. No site da entidade, essa é a notícia.
Entretanto, o mesmo fato foi noticiado de outra maneira pelo “Estadão” de hoje: “Emprego na indústria paulista tem pior abril desde 2006”. Respeito “O Estado de S. Paulo” e o tenho como referência em jornalismo sério e competente. Porém, como queremos que a indústria reaja se estamos constantemente “vendendo” este tipo de informação? Não defendo “tapar o sol com a peneira”, muito menos ignorar os fatos. No entanto, há maneiras e maneiras de se contar uma história. O próprio “Estadão” informa no texto que recheia esta manchete:
“Na variação sem ajuste sazonal, o emprego na indústria paulista subiu, pelo segundo mês consecutivo. Em abril, a alta foi de 0,80%, ante março, o que representou a contratação de 19 mil trabalhadores. Esse resultado está totalmente relacionado ao setor de açúcar e álcool, uma vez que esse saldo positivo de 19 mil contratações reflete a admissão, principalmente, de 28.207 pessoas nestes setores, enquanto houve demissões de 9.207 empregados nos demais segmentos industriais.”
Percebe?
Voltando a questão da nova realidade que mencionei acima, é preciso entender, no meu ponto de vista, que qualquer reflexo positivo da indústria é um sinal de que tempos melhores estão a caminho. Se não pensarmos assim, que parem as máquinas! Vamos todos então sentar no gramado da fábrica e esperar o sinal para voltar para casa.