Os sentidos humanos também são importantes
Análise | Por em 17 de setembro de 2009
Neste espaço, estamos constantemente falando sobre máquinas, equipamentos e novas tecnologias. No entanto, vejo a necessidade de abrir espaço para o lado humano de nossa indústria. De tempos em tempos é bom lembrar que por trás do maquinário existe um ser de carne e osso.
Abro essa discussão depois de receber um texto que chamou minha atenção. Meu colega de profissão, o jornalista Fabio Riesemberg, da Enfoque Comunicação, nos enviou o case da Imcopa, processadora de soja não transgênica localizada em Araucária, região de Curitiba, que adotou os sentidos humanos no controle de qualidade.
Veja que interessante: a empresa paranaense treinou uma equipe de 17 funcionários para que possam avaliar a qualidade dos produtos antes de chegarem ao mercado, sem fazer uso de equipamentos ou alta tecnologia. O conhecido controle de qualidade, geralmente realizado por meio de processos físico-químicos, agora ganhou o reforço da análise sensorial humana, explicou Rafael Dambros, gerente de qualidade da Imcopa. “O método convencional utiliza processos de laboratório para definir os graus de acidez e índices de determinados elementos, por exemplo, mas tem seus limites”.
O treinamento da equipe foi feito pela consultora do Senai Isabela Ferrari. Segundo ela, alguns parâmetros não podem ser medidos em laboratórios, então se usa a memória sensorial, que envolve os cinco sentidos humanos (visão, olfato, tato, paladar e audição). No treinamento, o grupo de futuros avaliadores ficou exposto a odores, sabores, cores e texturas naturais ou provocadas por outras substâncias adicionadas, para que desenvolvam a sensibilidade.
Profissionais de várias áreas da empresa, desde o administrativo até a linha de envase, foram capacitados. “O envolvimento de pessoas de diferentes áreas contribui para a manutenção da qualidade e ainda incita um maior envolvimento dos funcionários com a empresa”, observou Isabela.
A análise sensorial implantada na Imcopa foi baseada em uma norma americana para esta atividade. Os funcionários foram condicionados a identificar odores amanteigados, de ranço, mofo e solvente.
O que se ganha com isso? O equilíbrio entre máquina e homem e maior produtividade. Afinal, não há indústria que funcione sem um colaborador. No caso acima, um ser humano de sentidos bem treinados.
Agora pergunto: a balança máquina-homem da sua empresa está equilibrada?