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     *Por  Ulf Bogdawa

A edição deste ano da Fimec – Feira Internacional de Couros, Produtos Químicos, Componentes, Máquinas e Equipamentos para Calçados e Curtumes – que acaba de ser realizada nos pavilhões da Fenac, em Novo Hamburgo, foi a prova acabada de que o processo de desindustrialização que acontece no setor de máquinas e equipamentos industriais não apenas está se aprofundando cada vez mais como vem assumindo características de insuspeitada sofisticação.

Somos uma empresa que desenvolve tecnologia própria para nossos equipamentos destinados ao setor de couros e calçados  e além de atender o mercado nacional, também realizamos exportações regulares há cerca de uma década. Participamos da Fimec, na condição de expositores, há mais de 20 anos e já passamos por diversas crises e situações adversas.

A feira, em sua 35ª edição até 2010 vinha evoluindo de maneira crescente em número de empresas expositoras, diversificação e novidades de produtos de valor e tecnologia agregados. Mas na edição deste ano, o número de fabricantes brasileiros diminuiu muito e reduziu-se ainda mais a presença dos que ainda desenvolvem tecnologia no Brasil.

Os que fabricam equipamentos de tecnologia menos sofisticada, como tanques e acessórios, ainda estão presentes – mas isto só acontecerá até que os ex-tarifários  os deixarem de proteger da concorrência dos ‘similares’ importados. Uma observação mais detida do panorama da feira permitiu concluir que um fenômeno novo está mascarando a situação real do grau de avanço estrangeiro no setor.

O que ocorre é que muitos fabricantes asiáticos e europeus, quando não expõem diretamente seus produtos (nunca tantos estiveram presentes na feira), firmaram parcerias com empresas locais. Isto faz com que um fato muito triste aconteça: a feira, que atrai compradores de toda a América Latina em busca de máquinas (de preferência brasileiras) acaba servindo de balcão para a venda de produtos de outros países. Com isso, os negócios de exportação fechados na feira são efetivados por empresas de outros países e a operação acaba nem passando pelo Brasil.

Viramos um chamariz de  vendedores do exterior que se aproveitam dos benefícios do nosso mercado interno e oferecem equipamentos  como se aqui fossem produzidos até mesmos a outros países. Chega a ser humilhante: viramos escritório de representação de nossos concorrentes. A  desvalorização cambial e o custo Brasil, tornaram nossas máquinas mais caras que as europeias e asiáticas. São equipamentos similares aos nossos, porém  muito mais baratos do que podemos produzir.

O mercado nacional de equipamentos de tecnologia é pequeno demais para investirmos em desenvolvimento tecnológico e ainda produzir enfrentando todas as vantagens cambiais, financeiras e de incentivos que os principais países concorrentes oferecem. Também não podemos exportar, pois não temos a menor chance de competição, diante deste quadro desigual de custos. Se nada for feito pelo governo, só nos restará um caminho: parar de produzir aqui e firmar parcerias com fabricantes europeus e asiáticos, passando a ganhar salário de representante!

     *Ulf Bogdawa, empresário, diretor da empresa NBN Automação Industrial Ltda

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Foi o que constatou a pesquisa “Perspectivas Estruturais do Mercado de Trabalho na Indústria Brasileira – 2020”. Na Baixada Santista, estudantes e profissionais que buscam qualificação para aproveitar as oportunidades do setor terão opções de cursos e eventos de conteúdo técnico gratuitos no próximo mês de maio. 

 As nove profissões do futuro, no País, estão relacionadas a atividade industrial, em especial ao segmento de petróleo e gás e automação. A informação consta da pesquisa “Perspectivas Estruturais do Mercado de Trabalho na Indústria Brasileira – 2020”, realizada pelo Sistema Firjan. O levantamento traça o perfil das perspectivas de 402 empresas que atuam no Brasil e que são responsáveis, atualmente, por 2,2 milhões postos de trabalho.

 As profissões elencadas pelo estudo são as seguintes: Supervisor de produção em indústrias de transformação de plástico; Engenheiro do petróleo; Técnico em sistema de informação; Trabalhador de tratamento de superfícies de metais e compósitos; Engenheiro de mobilidade; Técnico em mecatrônica; Biotecnologista; Engenheiro ambiental e sanitário e, por fim, Desenhista técnico em eletricidade, eletrônica e eletromecânica.

 A pesquisa da Firjan revelou, também, que, na área de produção, quase 67% dos entrevistados pretendem oferecer novos postos de trabalho, enquanto 51,1% do empresariado planeja ampliar o número de funcionários da área de Gestão.

 Engenharia – As projeções de contratações foram predominantes em todos os segmentos da área de Produção, mas a procura será por profissionais com, pelos menos, um curso técnico. Quase 74% das empresas entrevistadas relataram ter intenção de criar vagas no ramo de Engenharia, enquanto novas oportunidades também são esperadas nos segmentos de Produção (73%); Gestão de Qualidade (71,8%); Projetos (71,3%); Pesquisa e Desenvolvimento (65%); Segurança e Saúde Ocupacional (60%); Meio Ambiente (59%) e Manutenção (58%).

 Na área de Gestão, os planos de criação de novas oportunidades de trabalho também superam as projeções de estabilidade e redução do quadro efetivo de funcionários. Das empresas que participaram da pesquisa, 59% apontaram intenções de ampliar o efetivo de funcionários no setor de Compras.

 Em seguida aparecem projeções de contratações nas áreas de Comercial (58%), Tecnologia da Informação (56%); Serviços Gerais (55%); Planejamento (54%); Atendimento ao Cliente (54%) e Recursos Humanos (50,1%). Cursos de MBA, Mestrado ou Doutorado serão pré-requisitos que devem ser solicitados por até 35% das empresas para profissionais que se candidatem a cargos de gerência ou diretoria.

 Baixada Santista – Na região, uma boa oportunidade para os profissionais e estudantes que buscam uma oportunidade no mercado industrial de automação e manutenção nas indústrias e empresas fornecedoras e precisam se qualificar é aproveitar as ofertas de cursos e eventos técnicos que acontecem, em Santos-SP, no próximo mês de maio.

 Um deles é o Seminário Internacional de Manutenção e Automação – SIMA. Serão três dias intensos de debates, entre 16 e 18 de maio, onde serão abordados temas como: aspectos como válvulas solenoides redundantes, inovações tecnológicas, medição e vazão, gerenciamentos de ativos, medição de pressão diferencial com selo remoto sem capilares, entre outros. Profissionais de renome, nacionais e internacionais, representando empresas igualmente qualificadas serão os palestrantes. Entre elas: Norgren, Incal, MTL, Emerson, JAT, Metrohm, Carbocloro, Yokogawa, Petrobras, RPBC, National Instruments, Westcon, Smar, Siemens e ABB. As inscrições são gratuitas.

 Outra opção é participar de Minicursos que apresentarão cases técnicos dados por empresas com exemplos inerentes aos processos de qualquer empresa. Os temas são os seguintes: “Noções de manutenção em transmissores de pressão, temperatura, vazão e nível”, orientada pelo Professor Reginaldo Onofre; “Noções básicas para implementar uma rede Wireless Hart IEC62591”, com o professor Ricardo Duran; “Válvulas de segurança – aplicações, detalhes construtivos, inspeção e instalação”, com o professor Artur Cardozo Mathias. As inscrições para os Minicursos serão abertas na segunda quinzena de março e serão pagas (o valor de investimento ainda não foi definido).

 Tanto o Seminário quanto os Minicursos terão o importante apoio técnico da ISA – The International Society of Automation, principal organização mundial do setor de automação, que reúne 30 mil membros em mais de 50 países. Eles acontecerão no Mendes Convention Center, em Santos, em paralelo a realização de uma Feira Industrial de Manutenção e Automação, a FIMA BRASIL, mais um espaço interessante para identificação de oportunidades de trabalho. 

 Fonte: FIMA 2012

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A campanha publicitária da Apas sobre as sacolinhas foi suspensa por unanimidade de votos, em reunião da 1ª Câmara, por estar fora dos padrões legais da normatização do Conselho

O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (CONAR) decidiu por unanimidade, na última quinta-feira, 1º de março, pela suspensão da campanha “Vamos tirar o planeta do sufoco”, veiculada em jornais, revistas, internet, outdoor e materiais promocionais e ações internas nos supermercados, com objetivo de mostrar as sacolas plásticas como vilãs do meio ambiente. A campanha é uma iniciativa da Associação paulista de Supermercados (Apas) e do Governo do Estado de São Paulo.

A campanha publicitária da Apas sobre as sacolinhas foi suspensa por unanimidade de votos, em reunião da 1ª Câmara, por estar fora dos padrões legais da normatização do Conselho, especialmente no aspecto que zela pela sustentabilidade, pelas questões socioambientais e pelo direito do consumidor.

A decisão está publicada no site da entidade: www.conar.org.br .

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* Claudio Nasajon
Ao sancionar a Lei 12.551/2011, que equipara o trabalho realizado no estabelecimento do empregador ao realizado à distância, o governo federal deu um passo importante no sentido de reconhecer a nova realidade das relações de trabalho e modernizar a CLT. Os teletrabalhadores passam a ter os mesmos benefícios do que aqueles que batem ponto fisicamente na sede das empresas. Essa é a boa notícia.

A má notícia é que ao, fazer isso, criou-se uma sobretaxa sobre o teletrabalhador brasileiro que não incide nos profissionais sediados em outros países e que, por definição, são concorrentes. Na prática, a lei torna mais conveniente contratar pessoas no exterior do que no Brasil para trabalhos à distância. Em vez de gerar empregos mais seguros e estáveis aqui, o governo deu uma canetada que incentiva a contratação de trabalho realizado em outros países, gerando divisas para esses países, não para os brasileiros.

Hoje se pode contratar teletrabalhadores, ou seja, pessoas que trabalham à distância, para uma quantidade significativa de atividades, como redação e revisão de textos, design gráfico, programação de computadores, lançamentos contábeis e até telemarketing ou telessuporte.

Como esse trabalho é realizado essencialmente em frente a um computador (ou a um telefone), não há nada que impeça que seja feito fora do escritório. Existem recursos que permitem “marcar o ponto” ao fazer o login e o logout, bem como monitorar a atividade durante o período de “expediente” enviando para o contratante imagens do monitor e gravações das ligações telefônicas, por exemplo.

Por isso, em termos de relação de trabalho, de fato não existe muita diferença entre esse tipo de empregado e aquele que bate o ponto no escritório, cujo chefe passeia pela sua mesa de tempos em tempos para monitorar a atividade. Ambos têm contrato permanente, mantêm relação de subordinação e recebem remuneração pelo trabalho, pressupostos que configuram a “relação de emprego” a que se refere a lei.

Por outro lado, em termos de conveniência, e ela é mútua, há muitas diferenças. O funcionário economiza horas não-remuneradas para se locomover e pode atender a casa e a família quando a atenção for demandada. Já o empregador economiza espaço, móveis e equipamentos, além de alguns custos como o vale-transporte, por exemplo.

Mas a principal diferença entre o trabalhador presencial e o teletrabalhador é que o primeiro precisa estar no Brasil e o segundo não. Então, se o emprego é para vendedor de loja, motorista de frota ou pintor, o empregado precisa estar aqui. Por mais caro que seja contratá-lo, por maiores que sejam os encargos e os benefícios obrigatórios que incidem sobre a sua contratação, não há alternativa.
Por outro lado, se o emprego é para atividades que podem ser realizadas à distância, por definição, o empregado pode estar em qualquer lugar. Então, se ele custa mais caro no país do que fora dele, a tendência é deixar-se de contratar localmente para buscar profissionais no exterior o que, na prática, significa exportar empregos.
Empresas que necessitam programadores, designers, redatores, revisores, locutores e uma série enorme de serviços que podem perfeitamente ser realizados à distância, em caráter permantente, com relação de subordinação e mediante remuneração, ao comparar o custo de contratar um profissional em Salvador ou em Lisboa, fazem um melhor negócio resolvendo o problema de emprego de Portugal do que o da Bahia.

Lamentavelmente, ao tentar modernizar-se, a legislação trabalhista gerou-se um atraso no desenvolvimento nacional; reduziram-se as oportunidades de emprego e incentivou-se a exportação de divisas.

Não tenho dúvidas sobre os nobres motivos da presidente ao sancionar a Lei, mas lamento as suas consequências.

(*) Claudio Nasajon é Presidente da Nasajon Sistemas, Presidente do Conselho da Micro e Pequena Empresa da Associação Comercial do Rio de Janeiro e Professor de Planejamento de Negócios na PUC-Rio (www.claudionasajon.com.br).

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* Claudio Nasajon

Fala-se continuamente em apagão de mão de obra, mas o termo está errado. O que está havendo é uma valorização da mão de obra em função do aumento da demanda. E isso é bom!

Para as corporações sempre foi conveniente tratar empregados como escravos modernos, estabelecendo o menor valor possível para os salários. Por outro lado, a febre de empreendedorismo que se instalou no mundo passou a oferecer aos empregados uma alternativa que permite não só remover os limites da remuneração, como também estabelecer as suas próprias condições de trabalho, incluindo local e horário das jornadas.

Claro que empreender não é para todos e tem seus pontos desfavoráveis. Estatisticamente, a maioria dos empreendimentos dura menos de três anos e não conheço um único empreendedor que trabalhe menos do que 12 horas por dia na fase inicial. Mas, o simples fato de existir a alternativa permite um “leilão” mais justo das condições de trabalho.

Segundo a FIRJAN (Federação das Indústrias do Estado do RJ), o Rio de Janeiro é o estado que atrai o maior volume de investimentos públicos e privados do país. Serão cerca de R$ 180 bilhões até 2013, fazendo do Rio o maior concentrador de investimentos do mundo. As consequências são visíveis. Em 2011, a movimentação no mercado de trabalho fluminense foi caracterizada pelo contínuo aumento das contratações no setor de Serviços, gerando quase 29 mil novos postos de trabalho somente na capital. Os profissionais disponíveis passaram a ser disputados a tapa pelas empresas. Os salários subiram. As exigências de qualidade aumentaram e as novas demandas levaram a uma busca por maior capacitação. Criou-se um círculo virtuoso de qualificação da mão de obra que é espetacular para o futuro do país.

Por outro lado, como as Instituições de Ensino Superior levam tempo para reagir aos estímulos, a solução passa por importar empregos. O ritmo de criação de novos cursos e formação de mão de obra não acompanha o crescimento da economia, mesmo que no momento a crise externa esteja nos castigando com um período de baixa expansão do PIB. Uma das soluções é usar a cara mão de obra local para serviços de inteligência de alto nível, contratando os serviços de execução de baixo nível no exterior, mediante plataformas de teletrabalho como e-lance, o-desk ou freelance, por exemplo. Estamos deixando de ser como a Índia, que presta serviços em escala industrial a preço absurdamente baixo para outros países, e vamos nos equiparando à Bélgica, que tem um dos maiores índices de desenvolvimento humano do planeta.

Como empresário do bem, educador, pai e principalmente como cidadão brasileiro, apoio esse movimento. Digo SIM à valorização do trabalho, não pela via da imposição de leis trabalhistas, mas pela muito mais poderosa mão das leis da oferta e da demanda no livre mercado.

* Claudio Nasajon é Presidente da Nasajon Sistemas, Professor da PUC-Rio e Presidente do Conselho da Micro e Pequena Empresa da Associação Comercial do Rio de Janeiro.

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O senador Clésio Andrade alega que o estado de Minas Gerais sofre esvaziamento no cenário nacional nos últimos anos

O senador Clésio Andrade reclama perda de espaço político institucional de Minas na última década e relaciona uma série de fatos que justificam esta situação, assim como possíveis soluções. Andrade diz que, enquanto outros estados receberam grandes empreendimentos e obras públicas, como a instalação do Porto de Suape em Pernambuco, a Usina Nuclear Angra 3 no Rio de Janeiro, entre outros, em Minas tiveram apenas obras médias, como a duplicação da BR-050, entre Uberaba e Uberlândia, e a duplicação da BR-262, entre Betim e Nova Serrana.

O parlamentar também cita montadoras como Nissan, Honda, Peugeot, Ford, Hyundai  terem se instaladas em várias regiões do País, exceto Minas, que inclusive perde a segunda fábrica da Fiat, cujo novo endereço será Pernambuco. Em seu manifesto enviado para a imprensa, fala também da dívida do Estado com a União, que nos últimos anos passou de R$11 bilhões para R$64,5 bilhões (2010).

A área de agronegócios também é lembrada com preocupação. Andrade afirma que neste setor, em especial o cultivo de café, Minas produz mais de 50%da produção nacional e  perdeu muito do apoio que tinha, ficando sem direcionamento desde a extinção do IBC (Instituto Brasileiro do Café).

Alternativas

Como propostas de melhoria, o senador cita a instalação de seis empreendimentos de grande porte no estado, a compensação financeira pela exploração de recursos minerais(CFEM), que inclui elevar o percentual dos royalties do minério de ferro de 2% para 4%.

Uma alternativa citada também é a renegociação da dívida do Estado com a união, além da criação da Empresa Brasileira do Café (EBC), com sede em Minas, para fomentar a cultura do café e incentivar políticas industriais que agreguem valor ao café para exportação, entre outras.

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Adriano Assi (*)

Analisando as várias facetas da regulamentação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), chego à conclusão de que a mesma é mais uma política voltada para o social e menos para o ambiental. O termo “catador” ou “catadores” aparece 82 vezes no texto da PNRS divulgado para consulta pública. “Reciclador” uma vez. “Sucateiro” uma vez (em nota de rodapé). Aparista, nenhuma.

É claro que devemos criar empregos e promover a inclusão social. Mas até onde esta política tem seu foco na solução do problema como um todo, social e ambiental?

O que constatamos é a proposta de se eternizar uma atividade insalubre, mascarada sob o manto ambiental, de grande simpatia por parte da população. Uma tentativa de transformar em empresários – pessoas altamente qualificadas, com visão de mercado e perfil empreendedor – uma parte da sociedade com baixa formação e respectiva baixa empregabilidade.

Mas, esta ainda não é a maior miopia do governo para resolver o problema ambiental. Ao querer priorizar a atividade do catador como a solução para os resíduos sólidos no país, o governo pretende criar uma cadeia de negócios pelo elo mais fraco.

A força da reciclagem brasileira (geração, comércio e preparação) movimenta R$ 10 bilhões de reais ao ano, que representa, principalmente:

– 10 milhões de toneladas de sucatas ferrosas;

– 4,5 milhões de toneladas de aparas de papel;

– 700 mil toneladas de aparas de plástico;

– 400 mil toneladas de sucatas de alumínio;

– 200mil toneladas de cobre;

Cerca de 70% desta força concentra-se no estado de São Paulo e 50% do total está na Grande São Paulo.

No começo dos anos 2000 o índice de reciclagem de latas de alumínio nos Estados Unidos caiu. O motivo? Com o aquecimento da economia, aqueles que catavam recicláveis migraram para atividades formais, empregos com direitos trabalhistas e melhores remunerações.

Em poucas palavras, o que o governo promove, hoje, é a importância da atividade do catador como a solução do problema ambiental, mas se esquece que esta força de trabalho, com o aquecimento da economia, deixará de ser exercida em busca de uma vida melhor. Então, quando a indústria estiver mais aquecida, necessitando de mais matéria prima haverá uma queda nos índices de reciclagem, simplesmente pelo motivo de haver escassez de mão de obra na coleta e/ou triagem dos materiais.

E isto já está ocorrendo no município de Maringá (PR) enquanto você lê este texto.

Catadores migram para a construção civil e ganham algo em torno de R$ 80,00 ao dia. Um catador para levantar esta quantia tem que coletar quase duas mil latas de alumínio em uma jornada de trabalho. Desnecessário dizer que isto não ocorre.

Aqueles que trabalham em centrais de triagem criados pelas prefeituras com a operação e gestão das concessionárias de limpeza pública, não precisam da PNRS. Estes preenchem todo o perfil de funcionários de prefeituras ou empresas de coleta/varrição e, como tais, suas atividades já estão regulamentadas e seus direitos trabalhistas (deveriam estar) garantidos. Então, o que estes catadores fazem é trabalhar como cooperativas quando deveriam ser registrados pelo trabalho que prestam, uma vez que ficam em galpões esperando os caminhões da prefeitura/empresa concessionária trazerem os recicláveis para a triagem.

A legislação a ser desenvolvida não deveria focar em “capacitação para empreender” mas, sim, na formalização dos postos de trabalho já existentes, onde prefeituras e concessionárias exploram esta mão de obra e não honram com direitos garantidos pela Constituição Federal.

Mas, então, o que o governo pode fazer de efetivo para se alavancar os índices de reciclagem e gerar empregos formais e não ainda mais empresários informais? Simples: o governo precisa focar seus esforços no consumo de matérias primas secundárias (recicladas). Garantir que as indústrias – quando forem fabricar seus mais diversos produtos – se voltem para aquelas em que estarão tirando os resíduos do meio ambiente e reinserindo-os na cadeia de consumo como novos produtos. Simples assim.

Se uma indústria automobilística, por exemplo, priorizar a fabricação de uma peça feita de plástico reciclado, há a criação de uma demanda. E, num mercado onde a oferta é escassa como a de recicláveis, a demanda gera aumento de preços. Aumento de preços, por sua vez, gera valor e aí toda a cadeia de negócios para fornecer esta peça à indústria automobilística é remunerada e retira o plástico do meio ambiente.

Menciono plástico e indústria automobilística apenas como ilustração. Mas o mesmo vale para os demais segmentos da indústria, como vidro e bebidas; sucata ferrosa e fundição/siderurgia; papel e embalagem. A fórmula é a mesma.

O que não dá mais é para o governo achar que a solução do mercado de reciclagem (e da geração de empregos) está na coleta. Afinal, não adianta nada coletar se este material não terá o destino correto. E aí os fundamentos de oferta e demanda funcionarão ao contrário. Haverá material reciclável sobrando por aí. E, aí sim, teremos um problema para pagar a conta da cadeia da reciclagem.

(*) Adriano Assi é sócio-diretor da Ecobrasil e atua há mais de 12 anos no setor de reciclagem.

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A Mercopar, Feira de Subcontratação e Inovação Industrial que está sendo realizada no Centro de Feiras e Eventos da Festa da Uva, em Caxias do Sul, recebeu na terça-feira (18), Ricardo Amorim, economista e estrategista de investimentos, que falou para um auditório formado por aproximadamente 700 empresários, abordando as oportunidades e os desafios que a crise econômica mundial apresenta para as empresas brasileiras. “As mudanças geradas no cenário internacional beneficiaram o Brasil, que deve crescer muito mais do que nas últimas décadas”, garantiu.

Esta foi a primeira vez que Amorim participou da Mercopar. “A economia é movida por negócios, que são geradores de emprego e de renda e uma feira como esta gera oportunidades de negócios, não somente durante os dias do evento, mas também depois. Permite que empresas mantenham contato, conheçam produtos e processos. Ela é fundamental”, disse.

Durante sua palestra, Amorim destacou que o Brasil precisa se acostumar com outras variáveis econômicas. “O Brasil passou a dar certo e, portanto, passou a enfrentar problemas com os quais não estava acostumado”, observou. “E mesmo que gargalos como corrupção, carga tributária, infraestrutura, educação e saúde não tenham sido solucionados, a economia do País cresceu e está condenada a crescer”, disse. Em 2010, o Produto Interno Bruto brasileiro aumentou 4,5%.

Transferência de riqueza

Este cenário nacional precisa ser visto dentro do contexto internacional, onde a economia da China e da Índia registram altas taxas de crescimento e, consequentemente, significativa explosão da demanda. “Observa-se a transferência de riqueza dos países ricos para os países emergentes, como na América Latina e, em especial, no Brasil”, explicou. “E as empresas buscam os mercados que crescem.”

O economista e consultor lembrou que, nos últimos cinco anos, 45 milhões de brasileiros deixaram as classes econômicas mais pobres para ingressar no mercado de consumo, em busca não somente de produtos, mas também de serviços. Portanto, mais uma alavanca para a economia nacional. Em função deste aquecimento, a taxa de desemprego caiu, embora exista falta de mão de obra melhor capacitada. “A automação é uma das tendências no setor industrial”, afirmou. Tal expectativa se constrói com a valorização do Real, que torna as importações de máquinas e equipamentos mais baratas e com a ida da mão de obra do setor industrial para o de comércio e serviços.

Juros

Quanto à inflação brasileira, Amorim comentou que a decisão do Banco Central de baixar a taxa básica de juros mostra que a aposta é no agravamento da crise dos países europeus. “Somente se a crise não for o que todos imaginamos, a inflação irá aumentar, mas não é isso que deve ocorrer”, completou. Disse também que a crise financeira observada em países da Europa e nos Estados Unidos tende a se agravar nos próximos 12 meses, mas que irá gerar oportunidades para os emergentes em uma visão de longo prazo. “O momento, agora, exige cautela”, ressaltou. As oportunidades, no entanto, existem, basta ver que o Brasil será sede de dois grandes eventos internacionais, a Copa do Mundo de Futebol de 2014 e os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016.

A Mercopar, promovida pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Rio Grande do Sul (Sebrae/RS) e pela Hannover Fairs Sulamerica, empresa do Grupo Deutsche Messe AG, reúne mais de 500 expositores nos setores de Automação Industrial, Borracha, Eletroeletrônico, Energia e Meio Ambiente, Metalmecânico, Movimentação e Armazenagem de Materiais, Plástico e Serviços Industriais.

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A decisão do Governo de elevar o IPI (Imposto sobre produtos industrializados estrangeiros e nacionais) para veículos importados e montadoras nacionais que não atenderem à exigência de ter ao menos 65% de componentes nacionais e de fazer investimentos em inovação tecnológica desagradou o presidente da ABIMEI (Associação Brasileira dos Importadores de Máquinas e Equipamentos Industriais), Ennio Crispino: “Apesar de embutir um possível aumento de investimentos em máquinas-ferramenta, inclusive importadas, já que impacta diretamente na produção de mais automóveis e autopeças no país, a medida configura-se como a volta do protecionismo e a prática comum de aumento de impostos”, afirma.

Para Crispino, o Governo demonstrou falta de sensibilidade ao alterar as regras da importação de automóveis sem se preocupar com os importadores que estão com estoques elevados e veículos já embarcados para o país: “Quem nos garante que esta postura protecionista não será empregada para resguardar outros setores da competição dos produtos importados, já que a questão crucial do dólar barato é que está causando este desequilíbrio? Parece mais simples aumentar impostos e assim afetar o câmbio, artificialmente”.

Para o presidente da ABIMEI ainda não está claro como o Governo irá avaliar o índice de nacionalização de veículos fabricados no Brasil, além do que chamou de  “investimentos em inovação tecnológica”. “Sem máquinas e equipamentos importados de alta tecnologia, dificilmente as montadoras, grandes fabricantes de autopeças e seus principais fornecedores conseguirão oferecer veículos e componentes de qualidade, com custos competitivos. Somente a indústria nacional de bens de capital não é capaz de suprir essas necessidades”.

Segundo Crispino, a vocação brasileira é para produzir máquinas de média complexidade tecnológica. “É uma questão de escala, o Brasil não tem volume para fabricar máquinas de alta tecnologia ou de baixa complexidade, porque o preço destas máquinas é ditado pelo mercado internacional”. Ele lembra ainda que a manutenção das taxas especiais do programa Finame PSI já defende o fabricante nacional de bens de capital, dada à grande diferença para os juros de mercado que regulam financiamentos daqueles que necessitam adquirir equipamentos importados (taxas subsidiadas de 5,5% ao ano pelo Finame PSI contra 25% em média para máquina importada). E diz que quem fabrica bons equipamentos, com tecnologia aceitável, é capaz até de exportar os seus produtos: ”Não podemos esquecer que muitos componentes das máquinas feitas no Brasil são importados, o que melhora a qualidade tecnológica destes produtos”, comenta.

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A decisão divulgada segunda-feira, dia 29 de agosto, pelo governo federal, de aumentar o controle fiscal e provisionar um superávit primário de R$ 90,8 bilhões para o governo central ainda este ano, foi recebida com satisfação por empresários brasileiros. Conforme depoimento para o Estado de São Paulo hoje,os executivos enxergam essas medidas como condizentes com o momento da economia mundial e que podem contribuir para a redução das taxas de juros.

Os executivos acreditam que tal ação promova a continuidade do crescimento da economia, situação que permitirá às companhias manter inalterados os planos de investimentos e projeções de crescimento para 2011.

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SOBRE O BLOG INDUSTRIAL

O Blog Industrial acompanha a movimentação do setor de bens de capital no Brasil e no exterior, trazendo tendências, novidades, opiniões e análises sobre a influência econômica e política no segmento. Este espaço é um subproduto da revista e do site P&S, e do portal Radar Industrial, todos editados pela redação da Editora Banas.

TATIANA GOMES

Tatiana Gomes, jornalista formada, atualmente presta assessoria de imprensa para a Editora Banas. Foi repórter e redatora do Jornal A Tribuna Paulista e editora web dos portais das Universidades Anhembi Morumbi e Instituto Santanense.

NARA FARIA

Jornalista formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), cursando MBA em Informações Econômico-financeiras de Capitais para Jornalistas (BM&F Bovespa – FIA). Com sete anos de experiência, atualmente é editora-chefe da Revista P&S. Já atuou como repórter nos jornais Todo Dia, Tribuna Liberal e Página Popular e como editora em veículo especializado nas áreas de energia, eletricidade e iluminação.

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